sábado, 12 de setembro de 2009

La gran manzana

 

    Depois de quase dois anos alugando os episódios de Sex and the City, uma vida inteira cantando Start Spreading the News, intercalada com aquela parte de "Shes's living la vida loca" (Woke up in New York City), aqui me encontro, na cidade que nunca dorme, aquela da estátua da liberdade. A maçã mais gostosa do mundo.
    Parecia que o avião até já estava preparado para a minha chegada: a principal revista do voo, que era para Miami, trazia uma matéria sobre "Lan gran manzana", justo na edição do mês que me trouxe para cá. Foi quando percebi que gostei muito do termo em espanhol. Big Apple é muito óbvio e Grande Maçã, bom, simplesmente não fica legal com cedilha e tudo mais. Além disso, fala-se muito espanhol em Nova York, mas eu chego lá.
    Por falar em chegada, tive a mais novaiorquina possível. Saí do JFK procurando um táxi daqueles amarelinhos para me levar à casa de uma amiga que vive em Park Slope, no Brooklyn. O motorista que me levou erá húngaro e ficou me perguntando sobre as diferenças entre o português e o espanhol. Demos mil voltas no Brooklyn até encontrar a casa dela. Tudo porque os motoristas de Manhattan parecem não saber andar muito bem no bairro, que é uma graça.
    À noite, tive minha estreia pelos metrôs da cidade. Fomos ao Soho para comer guacamoles e tacos em um genuíno restaurante mexicano. Fiquei triste ao saber que não gosto da verdadeira comida mexicana, mas o que se pode fazer? Gosto não se discute.
    Acordei no dia seguinte e resolvi caminhar, conhecer o bairro e atravessar a Brooklyn Bridge a pé. As casas de tijolo bem marrom, as escadas de incêndio, as pessoas dizendo "Morning!" o tempo todo. Do outro lado da ponte, Downtown e uma parada no Starbucks, porque ninguém é de ferro.
    E como diz Carrie Bradshaw, "em Nova York todo mundo está procurando por um namorado, um emprego ou um apartamento". O namorado eu tenho, o emprego é na verdade um estágio na ONU, mas o apartamento... esse sim é o grande desafio!
    Minha amiga Louise chegou hoje e, como vamos morar juntas, nossa saga começa! Agora mesmo, estamos no lounge do albergue, o Jazz on the Park, no West Side, com nosso computadores ligados em busca do "real state heaven" para universitários.
    Antes de falar sobre isso, preciso mencionar o motorista que me trouxe aqui hoje. O Brooklyn não tem táxis amarelos, mas tem empresas de transporte executivo. É só ligar que um motorista aparece na sua porta. Foi assim que conheci o Juan, do Equador.
    Muito, muito gente boa. Ensinei portugês e aprendi espanhol. Ele ama o Pelé e o considera melhor que o Maradona, um cara sensato. Há 14 anos em Nova York, Juan disse que não perde uma Libertadores e que se amarra em assistir os brasileiros "bailando com la pelota". Ele até sabe que o Fluminense não anda muito bem das pernas e pincipalmente: sabe que a capital do Brasil é Brasília e não o Rio de Janeiro.
    Voltando a uma das procuras mais difíceis da cidade, Louise e eu visitamos um apartamento que oferecia um quarto para alugar. Caro e pouco espaço. A busca continua amanhã.
    Sobre a comida: Quem me conhece sabe o quanto aprecio uma boa refeição. Apesar disso, apenas no primeiro dia consegui comer uma comidinha gostosa: salada com salmão. Nos dois dias seguintes, tive poucas refeições satisfatórias. E tudo porque ainda estou um pouco confusa com a oferta gastronômica da cidade: comida étnica ou junk food. Não se pode comer salmão ou steak todo dia...
   Outra coisa que ficou muito clara para mim foi a saudade, intraduzível em outros idiomas. Penso nos meus pais, na minha irmã, no meu namorado e em todos os meus amigos o tempo todo. Saudade que não acaba. E quando eu tenho saudade ou fico triste o que eu canto? "Ai que saudade eu tenho da Bahia!" Da minha Bahia...
    Tivemos um dia frio e chuvoso hoje, o que nos fez colocar uma rícula capa de chuva amarela para sair na rua. Não basta ser turista, é preciso pagar mico. Com o meu pago, pretendo passar os próximos dois meses sem correr esse risco.
    Ah! Outra coisa que preciso mencionar é o cartaz da nova temporada de House, que estreia no dia 21 de setembro, na Fox. Colado quase na porta, só pra me lembrar de assistir.Verei!