quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Os 4 casamentos que eu nunca vou ter

Juro que não é porque minha amiga Gisele se casa amanhã, aqui em Bom Jesus. Já tinha essa lista na cabeça há muito tempo até finalmente ter coragem de compartilhar. Não me lembro bem de onde ela surgiu e como, mas nem acho que vem ao caso. Só sei que dias atrás me vi pensando muito mais nos tipos de casamento que eu nunca vou ter. Por vários motivos: pouco viáveis, financeiramente impossíveis ou discretamente inaceitáveis para a minha família, metade italiana e metade portuguesa, louca por festa. Por serem meio fora da realidade é que essas cerimônias foram parar naquele Olimpo que todo mundo tem na cabeça. E sei lá... vai que um dia eu consigo "gastar" cada uma delas me casando por vezes e mais vezes com o homem que eu amo. Eu fico com todas!

1-   Piscina do Copacabana Palace, com direito a mergulho solitário... de madrugada

Desde quando eu soube que a Princesa Diana nadou sozinha na piscina do Copa, na madrugada de uma noite bem quente que só o Rio de Janeiro sabe fazer, não tiro a ideia da cabeça. Acabei romantizando a coisa e pensei o quanto seria linda uma cerimônia por lá com amigos e familiares bebericando coquetéis de fruta logo depois que o padre abençoasse o nosso sim. E depois que todo mundo fosse embora, antes da lua-de-mel começar numa suíte por lá mesmo, eu tirasse um tempinho só para mim e desse um "tchibum" solitário na piscina. Sob a lua cheia, é claro. Comecei logo pela mais viável, não?

2- Churrascaria Pitucão!

Bem mais possível que a opção acima, mas não menos especial. Eu gosto dessa porque é real, pé no chão, sabe? Um belo dia fomos jantar no Pitucão, como sempre fazíamos aos sábados quando eu era adolescente. Lá estava uma noiva com um vestido super rodado, apesar de simples, jantando com um punhado de familiares e amigos privilegiados. A barra do vestido já suja de se arrastar pelo chão... Sei lá se ela teve uma cerimônia simples, sem festa, e resolveu chamar só os padrinhos para o jantar. Também não sei se a atitude foi meio mal educada com os outros convidados do casameno ou não... Ou se ela fez uma pequena recepção no salão da Igreja para todos antes de ir para o Pitucão com os mais íntimos. Eu só sei que eu fiquei olhando para aquela mesa grande com uma noiva risonha no meio, usando um vestido lindo, que já começava a dar sinais de desgaste. Ela estava se descompondo da perfeição de noiva tão graciosamente... e o noivo parecia tão feliz, tão feliz, que eu nunca me esqueci dessa cena. Quer casamento mais perfeito?

3- O duo perfeito: bolo com champanhe

Essa inspiração aqui veio de um episódio de "Sex & the city". No dia da inauguração do "Scout", o bar do Steve e do Aidan, a Carrie sai para fumar um cigarro tentando equilibrar uma fatia de bolo e uma taça de champanhe. O tal bolo é daqueles bem firmes, com uma grossa cobertura de glacê. Levando a cena para o universo casamento, pensei em todos os meus convidados reunidos num pequeno salão de Igreja, como a minha favorita, que fica em Jurujuba, Niterói... com suas taças levanadas, uns salgadinhos deliciosos e um bolo gigante, bem doce. As fatias quadradas, dispostas em guardanapos de papel, nada de pratinhos. A ideia aqui é comer com a mão... suculento que é esse bolo!

4- Ida ao cartório no almoço com direito a tarde livre no apartamento novo...

Era domingo quando a gente decidiu dar uma olhada nos lançamentos imobiliários de Niteroí... um casalzinho jovem, sem mais o que fazer depois do almoço. Lembrei por acaso de uma chefe que eu tive anos atrás. Um belo dia ela se levantou da mesa e disse que demoraria no almoço porque iria até o cartório se casar! Ela já morava há um tempo com o noivo e ambos trabalhavam na mesma empresa. Todo mundo em volta tentou convencê-la de tirar, pelo menos, a tarde livre. Em vão. Daí que eu achei bacana um casamento simples assim, com uma tarde livre no apartamento recém-comprado. Coisa só entre a gente, nada a provar para ninguém.

Mas ele...

Fui cair na feminice de saber o que meu noivo em potencial achou das opções prováveis e improváveis para o nosso casamento... E o cara me aparece com a melhor resposta de todas: "Você vai ser a noiva? Então eu me caso de qualquer jeito".

Dilema resolvido.

domingo, 16 de outubro de 2011

As luzes da cidade acesa


Quando eu era criança, em Bom Jesus do Itabapoana, era comum faltar energia à noite. Era um tempo em que morávamos num apartamento muito fofo, mas, por pura chantagem, minha irmã Laura dizia aos nossos pais que "vivia presa feito um passarinho". O fato é que tenho uma lembrança muito curiosa dessa fase e o nome dela é "Desculpe, mas eu vou chorar", do Leandro & Leonardo.

Nas noites em que não havia luz, ligávamos as velas. E muito longe desse hoje onde celulares, tablets e ipads conseguem segurar o tédio por um tempo, a saída era contar/ ouvir histórias ou cantar alguma coisa. Eu era uma garotinha muito da popular. Curtia sertanejo, romântico, brega. E algo sobre aquelas velas iluminando a sala e a cidade completamente escura faziam com que minha irmã e eu passássemos o tempo cantando o trecho "as luzes da cidade acesa, clareando a foto sobre a mesa". Pura ironia. Coisa de criança. A gente ria muito dessa breguice toda.

Uns bons anos depois, fico feliz em ter energia elétrica estável e um melhor gosto musical. Mas enquanto o domingo passa trazendo a chegada do horário de verão e eu preparo o jantar exibindo para mim mesma e para meu carinha as taças novas de vinho que comprei, é reconfortante pensar: "nossa, estamos todos bem".

Deu certo. Deu tudo certo. Algumas viagens planejadas já foram, porém as mais incríveis ainda estão por vir; o emprego dos sonhos, até que enfim admiti, pode ficar nesse plano por muito tempo, independente da minha vontade ou empenho; casamento é mais formalidade e menos romance; não preciso demonstrar que estou bem o tempo todo, porque, acreditemos, ninguém nunca está, mesmo que o digam quando nos encontram na rua... A verdade pacifica. O pensamento positivo, então... poderia ficar aqui listando todos os seus benefícios para sempre.

E o cinismo, que ele venha em nossa defesa sempre que for necessário. Porque se tem uma coisa que se aprende vivendo entre uma cidade pequena e outra grande é que tamanho não é nada para quem vive em busca de coisas iluminadas, e cada um sabe das suas. De repente aquela velha pergunta "Peixe pequeno numa lagoa grande ou peixe grande numa lagoa pequena?" não faz o menor sentido.  O negócio é ser peixe e nadar por aí.

sábado, 30 de julho de 2011

O friozinho

    Tendo nascido em Bom Jesus do Itabapoana e morando em uma ponte chamada Rio-Niterói eu jamais saberei ao certo o que é sentir frio. Mas ao primeiro e ingênuo sinal do que poderia ser ele, como aquela corrente de ar entrando pela janela ou a chuvinha fina lá fora, faço como qualquer carioca de coração e trato logo de enrolar um lenço ou cachecol no pescoço. Nesse fim de julho comprei morangos pela primeira vez no ano e comecei a pensar nas coisas que mais gosto de fazer durante essa estação quase desconhecida, o inverno.
    Os morangos estavam em promoção e só os comprei porque li na Marie Claire deste mês que tudo que é fruta e termina em "berry" no inglês é bom para o cabelo, para a pele e  para retardar o envelhecimento. O que eu realmente mais amo no inverno não são os morangos, e sim o aconchego que o ventinho da rua traz, essa vontade de ficar em casa, traduzida nessa foto que ilustra o post. Ela foi tirada em uma casinha velha onde funciona uma sorveteria na cidade de Colônia do Sacramento, Uruguai. Uma Vogue, uma janela, um abajour. Eu teria ficado lá para sempre.
    E já que comecei a falar em Vogue, a segunda coisa de que mais gosto no final do inverno são as capas de revista anunciando a moda da próxima estação: essa linda, primavera! Depois o verão, o outono... o meu favorito.

Vogue Brasil - Agosto 2011
    Dizem por aí que as pessoas no inverno andam bem mais arrumadas e eu não tenho como dizer o contrário, mas eis que surgem as cores, as alcinhas, as transparências, os brilhinhos e eu me rendo. Gosto da cidade iluminada.
    Mas mais do que isso, eu sei, meu destino é apreciá-la em qualquer estação. Hoje, por exemplo, quero comemorar a chegada de agosto, mês que a mamãe nasceu. Todo o resto da família é fevereiro, quente demais, carnavalesco demais. Ainda bem que temos uma virginiana centrada dentro de casa para cuidar de tudo.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

As cidades da Ana... e da Laura

    Depois de escrever o título desse blog, já fui logo pensando o que as pessoas iriam dizer: "ela está grávida, o bebê é uma menina e já tem nome". É bem verdade que eu sempre tive uma filhinha, sensação que toda irmã mais velha de outra menina conhece bem... O fato é que nada melhor para tirar a poeira e o mofo desse blog do que escrevendo sobre a pimeira viagem que estamos planejando juntas. Duas irmãs, duas cidades.
    Por ora, chegamos ao consenso Lisboa e Londres. Não há nada de muito especial nessa escolha. Chegar à Europa via Portugal, passar dois ou três dias na capital e ir depois para Londres, onde temos a missão de unir a Laura ao Princípe Harry... :)
    Além disso, tenho um carinho imenso por nomes que começam com a letra L, como Louise e Luiza, minhas amigas da faculdade, ou a Laura Curcio e a Lilian, com quem dividi apartamento, tem também a Lívia, amiga do primeiro estágio, a minha prima Loren e por aí vai. Tenho certeza de que Lisboa e Londres são como amigas com a letra L, brilhantes e cheias de vida. É o que vamos comprovar.
    Pode ser também que tudo mude, estamos ainda na fase de cotação, mas ficamos animadas. Se mudarem as cidades, tudo bem. Só não gostaria que mudasse a companhia. O momento é perfeito para nós duas. Mesmo pensando que já devia ter feito isso muito tempo atrás, talvez não curtiríamos tanto como agora.

domingo, 15 de maio de 2011

Eu vim de lá pequeninha...

    Tudo de bom acontece quando seus pais fazem aquela visita básica de fim de semana. E foi na última delas que os dois me apresentaram um álbum online de fotos antigas, ou como prefiro, clássicas, de Bom Jesus do Itabapoana, terra de hospitalidade, como diz a Canção do Bonjesuense Ausente.
    Todas as fotos estão em um site jornalístico local, o Repórter Online. Apenas lá, sem data certa, créditos, nomes. Como toda boa lembrança, meio desfigurada pelo tempo e, mesmo assim, apaixonante. Registro aqui minhas favoritas.

    Que charme esses taxistas à espera de seus clientes na Praça Governador Portela. A Igreja Matriz ao fundo. Tudo permanece muito parecido. Bom Jesus é como meu pequeno país comunista parado no tempo. Mentira. Cresceu muito, se modernizou dentro do que podia. Eu ainda retribuo tudo o que me deu, principalmente o pontapé que me botou para fora.

    Copa do Mundo de 1958. Os bonjesuenses, assim como o resto do mundo, conhecem Pelé e comemoram o primeiro título do Brasil. Nessa foto, torcedores em frente ao prédio do jornal A Voz do Povo.
    Muito a cara de Bom Jesus o padre comemorando o título de 58 com a galera. Adorei essa foto.
    Meu pai é apaixonado por carros. Execelente motorista. O primeiro emprego sério foi em uma concessionária da Ford que abriu em Bom Jesus. Mas, antes dela, havia a Willys. Esses modelos rurais da época são incríveis.


    Imagina a cara que nós fizemos quando encontramos essa foto de uma reunião de mulheres, sabe-se lá Deus de quando? Deixei a melhor por último. Quem é a única mulher da foto que está olhando direto para a câmera? Detalhe para o sapato, a perna cruzada e o cabelo Audrey Hepburn. Meu exemplo de bom gosto (que a minha avó não me ouça), Tia Landinha, Iolanda, para os mais distantes. Ela tem nome de música, minha gente. Estilo vem de berço. Com seus 84 anos, ela continua não deixando barato. Unhas impecáveis e vestidinhos floridos. Bonita por demais, por dentro e por fora.

Um brinde ao que nunca envelhece.