domingo, 5 de fevereiro de 2012
'Just kids' ou meu livro de verão
Chorei feito adulta dramática lendo o final de "Só garotos", da performista Patti Smith. Acho que foi por causa de tudo. Uma história de amor, amizade e arte com a Nova York dos anos 60 e 70 de cenário. E que cenário... Senti profundamente não ter feito um roteiro alternativo enquanto estive lá. Já vale a minha próxima viagem.
No livro, Patti conta como chegou a Manhattan, sozinha, sem lenço e sem documento até conhecer o igualmente perdido Robert Mapplethorpe. Os dois se tornaram amantes, mas sobretudo, companheiros de uma vida inteira devotada à arte. Depois de anos vivendo em apartamentos pequenos, sujos e apertados, incluindo um dos quartos do Chelsea Hotel, o casal eventualmente ficaria famoso: Patti à frente de uma banda de rock, com suas poesias e desenhos abstratos, e Robert, com uma câmera na mão. Quando tudo isso aconteceu, eles já não viviam mais um romance. E não sei, também não ficou claro se o que tiveram foi romance. Era amor, e pronto.
A duras penas, Robert se descobriria homossexual. Mas vou parar por aqui, caso alguém aí queira ler o livro. Tudo o que eu disse até agora pode ser encontrado nas sinopses, então não entreguei nada...
Patti prometera a Robert escrever as memórias dos dois desde quando tudo começou. Janis Joplin, Jimi Hendrix, Bob Dylan e Andy Wahrol estavam todos lá. Mas não foram os personagens que mais me impressionaram. Foi todo o resto, começando pelo título. Enquanto passeavam por Coney Island (a foto do post é um registro desse dia e também a capa do livro), uma mulher disse ao marido: "Oh, tire uma foto deles, acho que são artistas." No que o homem respondeu: "Ora, vamos logo, são só garotos."
Finalmente entendo por que resolvi escrever este texto, já que normalmente não falo de livros no blog. Também me sinto como só uma garota tentando ser artista. Espero que um dia aconteça.
Tenho certeza de que o verão é a melhor época do ano para se ler um livro. Tudo me parece muito lento em janeiro, até que as coisas finalmente engrenem. É nessa época que me sinto mais capaz de absorver ideias felizes. E como disse a mãe da Patti, compreensiva diante das complexidades da filha, "o que você faz no primeiro dia do ano é o que você vai fazer pelo resto". Se isso for verdade, passarei 2012 viajando. E isso há de ser bom. Há de render boas histórias.
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